1º PLANEJAMENTO DE 2016
Pauta:
- Boas Vindas a toda equipe.
- Informes da Coordenadora Gwendolyn
- Os projetos que participaremos em 2016. Dentre muitos outros.
- Apresentação do professor Joaquim
- Entrega das relações das turmas e conversa sobre as faltas das crianças.
- Estratégias para evitarmos a Evasão
- Relembrando nosso Tema Gerador: Música
- Texto lido pela nossa Diretora Geral Elizabeth Valente
Estamos objetivando demais o tempo
Por Isaias Costa
Eu sempre fico muito reflexivo quando leio artigos ou assisto a palestras do grande filósofo Mario Sergio Cortella. Admiro sua sabedoria e simplicidade ao falar sobre temas dos mais variados possíveis.
Li uma entrevista na qual ele falava sobre a objetivação do tempo e o quanto o mundo digital está fazendo com que as pessoas deixem de apreciar pequenas coisas como a paisagem em uma viagem de carro, de ônibus ou de avião, para ficarem de cabeça baixa olhando seus smartphones.
Abaixo, está transcrita um recorte dessa entrevista e logo abaixo, o link da entrevista completa caso você queira ler…
“Existe uma instrumentalização do nosso tempo para impedir que sejamos capazes do ócio. O que é um passeio de fato? Aquilo que o francês chamava de promedade. Vou dar uma volta. É você não ter rumo, não precisar saber aonde vai. Ócio não é vagabundagem. É não ser obrigado a uma ocupação. Preso não tem ócio. Desocupado não tem ócio. Ócio é quando você tem liberdade para o do seu tempo naquilo que deseje. Antigamente, a expressão de quem saía por aí de maneira livre era vagamundo – em grego antigo, aliás, se diz planetes e origina a palavra planeta, astro que fica dando voltas. Mas depois a palavra virou vagabundo e ganhou conotação negativa.
Na sociedade capitalista, nos mundo dos últimos 500 anos, dentro da ética protestante, a ideia de quem saía por aí sem eira e nem beira se tornou absolutamente reprovável. Só o trabalho salva. Só o trabalho dignifica. Aliás, como escreveram os nazistas nos campos de concentração, só o trabalho liberta. Certo? Há uma objetivação extremada do tempo livre hoje. A tal ponto que ficar desocupado é quase uma insuportabilidade. O resultado são crises de criatividade. Porque o tédio é absolutamente criativo. Você inventa coisas porque não tem o que fazer. E a ausência hoje de tédio, porque você fica o tempo todo ocupado com algo, resulta numa vida que precisa ter meta e objetivo o tempo todo. Como se fosse uma carreira. Despreza-se que a arte seria impossível com a ocupação contínua. Só existe arte, filosofia, por conta da desocupação.”
Mario Sergio Cortella
Link da entrevista: Partiu. Mas por que mesmo?
Nesse trecho o Cortella fala sobre muitas coisas interessantes, mas quero frisar a questão da criatividade relacionada com o ócio. Eu sou prova viva do que ele está dizendo. Só consigo ter inspirações para escrever se me dou ao direito de ter o chamado ócio criativo.
Inclusive até várias pessoas já me perguntaram o que faço para ter inspiração de escrever praticamente todos os dias. Sem dúvida alguma ter um tempo para apreciar a natureza, para dormir sem colocar o despertador, ter alguns dias só para ouvir música ou simplesmente fazer uma caminhada sem destino certo etc. me ajuda demais!
Eu faço isso sem sentir um pingo de CULPA. Essa é a questão. Estamos inseridos em uma sociedade capitalista que implanta a culpa nas nossas mentes. Aprendemos que se não usarmos o nosso tempo para produzir, aquele seu colega de trabalho, aquele seu colega da escola ou da faculdade, vai tomar o seu lugar no mercado de trabalho. Ou seja, você deve usar o seu tempo para produzir, produzir e produzir.
Mas tem um detalhe importante aqui que muita gente nem pensa. O que é produzir? O que significa produzir? A palavra “produzir” é muito vaga dita desta forma, você não acha? Produzir o quê? Produzir pra quê?
Eu posso produzir muita coisa! Produzir tem uma relação direta com a criação. Aquilo que é criado é produzido também.
Esse próprio texto, ele pode ser uma produção, mas não gosto de encarar desta maneira, porque parece mecanicista, gosto de pensar como uma criação.
Que tal de vez em quando você se dar esse presente do verdadeiro ócio? Mas cuidado para não fazer desse ócio uma espécie de ausência do mundo ou da vida, ficar “em off” como dizem alguns, isso não é ócio, isso está mais para preguiça!
Procure sair desta visão capitalista de que tempo é dinheiro. Isso é libertador! Tenha sempre em mente que tempo não é dinheiro, TEMPO É VIDA.
Cada minuto do seu tempo utilizado com algo que lhe dá prazer e pode vir a trazer prazer para outras pessoas, foi um tempo muito bem empregado, é a sua vida se transformando minuto a minuto em algo importante.
Como diria o Cortella: “Quando eu me for, e eu me vou eu quero ser importante. Importar quer dizer portar para dentro. Alguém me carrega no coração….”.
Em cada texto que escrevo está um pouquinho de mim que quero levar até o coração dos meus leitores. Isso é mágico. E essa magia só acontece porque, assim com o Cortella, eu entendo o valor do ócio para ter sempre essa criatividade.
Portanto! Busque você também ser mais criativo utilizando melhor o seu tempo e priorizando aquilo que faz o seu coração vibrar de emoção. Garanto que desta maneira você vai se tornar mais criativo, vai se tornar uma pessoa melhor e vai se tornar verdadeiramente importante… Pense sobre isso!
Fonte: https://paralemdoagora.wordpress.com/2016/01/25/estamos-objetivando-demais-o-tempo/
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